O
professor e a criança no processo inicial do conceito de número.
O interesse em usar a matemática
surgiu nos primórdios da humanidade, devido à necessidade de se registrar
objetos, fatos, tempo, entre outros. Porém, até os dias atuais tal ciência
carrega consigo o estigma de dificuldade, obstáculo a ser ultrapassado com
receio para algumas pessoas.
Propor com que o processo de
ensino-aprendizagem da matemática seja efetivo e prazeroso, toma-se então
importante objeto de estudo para os professores do ensino fundamental, tendo em
vista ser um dos principais sujeitos na apresentação desta caminhada.
Segundo os estudos de Piaget, o
desenvolvimento cognitivo ocorre em níveis e a cada nível o indivíduo adquire
funções mais elaboradas, entende-se, portanto que a criança deva ser
biologicamente preparada para perceber certos atributos.
O mesmo teórico afirma que o
conhecimento ocorre com a formação de estruturas mentais, advindas de
desequilíbrios causados por novas informações e posteriormente novos
conhecimentos acomodados. Tal afirmação significa que o aluno deve ser
estimulado para que tais estruturas se formem promovendo assim avanços no
repertório de conhecimento.
Estudos de Vigotsky demonstram
que a aprendizagem deve ser significativa, interativa e promover criação de
laços de afetividade. Deste modo, entendemos que o professor deve ouvir a
criança, encorajando-a a expor seu pensamento e propondo atividades e situações
a serem resolvidas para que nela desabroche a criatividade e o pensamento
lógico.
Para iniciar o processo de ensino
da matemática é importante que sejam estimuladas nas crianças as ideias de
classificação, seriação, comparação, correspondência e conservação de números.
Sendo assim, poderá o professor
por meio de brincadeiras adequar situações de ensino-aprendizagem por meio das
quais os estudantes compreendam que a construção de conhecimentos matemáticos,
não se dá como imposição de regras e de procedimentos, mas como fruto de
experimentações, levantando ideias de resolução, conduzindo à análise de
estratégias mais eficientes como jogos que estimulem o desenvolvimento lógico,
arrumando objetos em grupos, classificando em uma determinada ordem, que exijam
ação em sequência e comparação entre dois conjuntos dispostos de formas
diferentes.
O professor poderá ainda,
selecionar atividades a serem realizadas pelos alunos dos anos iniciais do
ensino fundamental que evidenciem aplicações práticas do conhecimento
matemático, ligadas ao seu cotidiano, mas também as que busquem especulações de
caráter mais abstrato, construindo situações de aprendizagem que permitam aos
alunos procurar regularidades, fazer conjecturas, formar generalizações e
organizar logicamente o pensamento para a resolução de problemas matemáticos,
utilizando o conhecimento dos avanços na área da didática da matemática para
desenvolver situações de aprendizagem especialmente ligadas à construção dos
números naturais e racionais, aos campos epistemológicos e didáticos, à
construção de conhecimentos geométricos, métricos e estatísticos.
Ao reconhecer a importância de incentivar os
estudantes a se comunicarem nas aulas de matemática fazendo o uso da leitura e
da escrita, de desenhos, de gráficos, de tabelas, utilizando as hipóteses que
os estudantes formulam sobre suas próprias ideias e procedimentos e intervindo
em seu processo de aprendizagem, o professor também poderá verificar a
compreensão dos conteúdos aprendidos a partir da análise dos erros e acertos
apresentados nas atividades do dia-a-dia, elegendo estratégias de ensino a
partir desses resultados, articulando diferentes conteúdos, em variadas modalidades
organizativas a serem realizadas pelos educandos dos anos iniciais do ensino
fundamental.
Enfim, existe uma grande
variedade de atividades que podem ser realizadas com criatividade, o professor
pode construir com as crianças situações que promovam aprendizagem de forma
divertida e significante tornando o momento do ensino de matemática agradável e
gratificante.
Concluímos que o trabalho do
professor na intervenção do processo inicial da construção do conceito de
número deve ser baseado no estudo de como ocorre o processo de desenvolvimento
cognitivo na criança bem como, qual sua necessidade em cada etapa desse
processo, para ter condições de sugerir atividades que sejam propícias a cada
estágio do desenvolvimento.
Não menos importante é que essas
intervenções sejam feitas de forma a encorajar a afetividade para que a
significação seja positiva e reflita em uma sequência de sucesso no futuro.
Luiz Otávio Casanova.